" Pastora de núvens fui posta a serviço
por uma campina tão desamparada
que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada"

Destino - Cecília Meireles





quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Poesia



O pão se poupa caindo ao chão,

e a taça se equilibra a cacos,

a faca pacienta a pele,

a luz desencanta o fogo,

e o brilho emudece a fé.

A dor encanta o encatador

o vaso prende a terra ao se espalhar,

a flor umidifica a água

o vento leva o que é de mal.

O canto traça a linha nota

o número liberta o vivente lar,

palavras completam a emoção,

saudades carregam a matéria lida.

O sangue cuida do medo,

a morte se santifica livre,

o certo modifica o belo

o belo se apresenta bom.

O dia acorda bem vindo,

a lingua expressa o ocular,

a Terra move o desigual

o vivo contagia o sono,

a dor desencanta o encatador

o certo compreende a vida,

a música se preserva tacta

o "in" se fabrica ao novo,

a dança salienta o riso,

o corpo move lentamente,

o sono liberta a frio,

o arrepio se supera bem.

o corpo se adormece lindo

a alma se transporta em lagrima

a gota faz da vida Deus,

o quente compreende o mudo,

o mundo desintegra a força,

a lógica faz papel real,

o longe torna o tudo claro,

o escuro ilumina o nado,

a agua passa a vida indo

a letra se confunde linda

o grito se tranforma em sono

é o sono que desperta a cor

e a cor faz do aqui sublime

e a cor se ausenta breve.

O sujeito faz segredo o simples

o amor só complica o belo

a palavra se orienta tonta,

a palavra se ausenta livre ,

o compasso interdita o fim

o completo santifica o ir

o minuto salienta o vir

o perfeito alimenta o aqui

e é então assim

pura, quente , nobre,

alva, negra e fria

que o meu corpo se desorienta

a minha vida antes se aposenta

pra viva entender por fim

o canto do que é a poesia.





Nenhum comentário:

Postar um comentário