" Pastora de núvens fui posta a serviço
por uma campina tão desamparada
que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada"

Destino - Cecília Meireles





quinta-feira, 26 de junho de 2014

FAZ TANTO CALOR NESTA CIDADE ( UM CLICHÊ ALTERNATIVO)

    Todo dia um conto lhe acordava o dia!
    E como estava cansada de palavras tão martirizadas nas linhas que as obrigava! E tão cheia daquele tom que imbecil que fazia a vida doce! Este mesmo que estava por usar agora.
    Queria suas palavras amargas como os dias lhe pareciam.
     "- Mas que mentira!"  ela lhe contestava, a vida não lhe parecia amarga, mas melosa e inútil, como puramente expressavam suas palavras. 
   Todas aquelas de todos os dias. Estava meio enjoada e pouco perturbada. Trocaria chiclete por botões de roupa.
    E ai estava novamente, ecaaaaaa! "Trocaria chicletes por botões de roupa", nada mais típico do que a vida se tornara. Um clichê depressivo e alternativo modo de viver. Com falsos dramas criados todos os dias, pra fazer os dias frios tocarem músicas americanas. RA RA RA! Mas Faz tanto calor nesta cidade!
   E então cada conto ela espantava com um antiácido, um analgésico ou relaxante muscular, anti-inflamatório ou antitérmico. Um comprimido e um banho quente. E como mosca lá vinha novamente o conto lhe perturbar durante a noite, quandos todas as luzes se apagavam.
   Um pouco de paciência a destruiria. Alguns heróis lhe fariam bem. Pouca honestidade e mais raiva, umas luvas de boxe, e alguns alvos. Alvos não lhe fariam mal.
    E ela ligava a TV , e ficava tudo bem, até que sua mente se cansava minutos e la estava ela numa Europa em cores frias, ou em um rio com cores quentes, afundando afundando. Ahhh, quem a ensinara ser assim?
    Ninguém, era este o problema, não havia um alvo a vista. 
    Ela tentara uns anos, agitações úteis, mas utilidades são tão cansativas! Mais cômodo é mesmo não fazer nada e entender tudo, e apoiar palavras, ah palavras palavras. Quem lhe deu tanta chatisse? E justo essas vieram a influenciar suas vozes. Mestres acordavam pessoas, o que há em si apenas compõem lágrimas. Aquelas velhas de toda a era, oh maldita era! Onde vive a era da fúria? E por que esta não a contagia hoje?
    Ah sim, mas seu coração é frágil...
    Porra nenhuma, sangues foram feitos para correr... e drenar e inundar e nem pensar durante e ahhhhhhh
    Sim, ela gritou e foi bom, mas ninguém ouviu, só o maldito papel... e toda a inutilidade e bla bla bla.

    No fim do conto ela desistiu mesmo e o apagou. No outro dia, ela disse a mesma coisa com as palavras invertidas, não  ficou muito legal, e ela vomitou um pouco, depois chorou e bla bla bla. No fim a natureza venceu o corpo, e ela era só mais um peso desgastando colchões industrializados na terra.





terça-feira, 17 de junho de 2014

ANSIEDADE

Num tempo de curta espera
um lance na alma congela.
Não da pra conter a dor
se sei que você olhou.
Não da pra escolher palavra
se a graça é não ver a falha,
Não da pra tentar depois
se em troca você compôs
um poeminha pra adivinhar
a quem eu quero aliciar!







quarta-feira, 30 de abril de 2014

Por Desistir - à W.G


 
   Adeus ao desejo de querer ser grande, o suficiente para garantir um mundo. Já que a volta da minha dimensão nada existia.
  Oh meu desejo por dimensão você entendeu! Como no meu caso diminuir era  único modo de crescer!
  Oh e quem caminhou e foi caminhando por dentro de mim, pelas janelas mais obtusas até o dia em que pouco havia do que não conhecesse!
  Meus melodramas que a pouco interessa alguém! Afinal quem quereria um estorno de lamentações intrigantes ditas pelas palavras menos vulgares que uma mente insana poderia perder todo seu tempo em buscar? 
  Quem escolheria atentar seus olhos, quando todo o medo que saía de mim era a ignorância!
   Como julgar tão pouco o que me oferecestes? Somente se este valor não partisse de mim!
   Nem de pequenos dedos e mãos cruzando a imensidão dos nossos dedos!
   Somente se o mundo entendesse nossos códigos e significados reais!



quinta-feira, 13 de março de 2014

Bastard Of Carolina - Resposta

  Venho nesta postagem somente responder a todas as pessoas que leram minha postagem de 2011, sobre o filme Bastard Of Carolina - Marcas do Silencio (1996).
  Recebi alguns comentário que me pediam para disponibilizar o filme para download, infelizmente não pude fazê-lo, no entanto agora se encontra o mesmo disponível legendado no youtube!
 
 Segue a postagem de ReferE^ncia, onde falo do filme e de minhas tortuosas emoções em relação a ele!

http://veiasefasciculacoes.blogspot.com.br/2011/01/bastard-out-of-carolina.html


Segue o Link!

FASCICULAÇÕES A TODOS!

https://www.youtube.com/watch?v=aOF_TvoGc0Y

sábado, 18 de janeiro de 2014

MEDIDAS DIAGNÓSTICAS

Desenho de : Mallu Magalhães


MEDIDAS DIAGNÓSTICAS 

Fazes com palavras 
o que compete 
o exagero à prosa, 
o que compete o Êxtase
 à desilusão. 

Cobram do lixo o mal, 
mas este tanto o ofende 
como sua falsa sublimeza 
atualmente lhe travestida. 

Cobram do azul a paz, 
mas por sobre nossa cabeça 
não há o direito à revolução? 
Cobram da terra o firme,
 mas há no rebelar de seus ossos 
o temor que a caracteriza. 

Cobram do mar a brisa, 
mas opõem-se a devolver a cura
do que cada condensação lhe causara. 

Cobram da ilusão resposta,
mas sujeitam o corpo 
a medidas diagnósticas. 

Cobram do consolo o denso,
mas quem ouvirá do seu peito
dores coletivas disparando agulhas?