" Pastora de núvens fui posta a serviço
por uma campina tão desamparada
que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada"

Destino - Cecília Meireles





sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Íntimo e intimado

   



    Não é fácil, retirar a crise do fundo do período de  mais completa paz.
    Volta aquele medo, tão subjulgado e tão persistente, aquele medo que já faz parte do que eu sou, medo que surge da finalidade, utilidade e de um desespero de vida. Medo que me recua ou me atormenta, e só cabe a mim as alternativas.
    Medo de notar ferido, aquilo que é a mehor, e talvez a única parte verdadeira de mim,. Medo de perceber ignorado as pulsações mais intensas, e os abalos mais sísmicos de minha terra. Medo de morrer, ou de direcionar só a mim a minha existência, de morrer em parte da vida que completa todo o resto.
   Profundo medo do silêncio, da ignorânça e da  indiferênça.
   Medo de doar, não por medo de não receber, mas por medo de que não haja a quem interesse minha doação. Medo de tirar de mim e deixar minhas pobres emoções perdidas e desamparadas no mundo. Medo de ser mal interpretada, de ficar abandonada. Da preparação para este silêncio.
   Medo de desistir do sadismo de minha poesia. Medo de perdê-la ou de só ter a ela com quem contar. Medo da morte, da perda, da vida!
   E não poderia eu ter medo de barata? Pobre barata! Pobre de mim!
   Medo de ter que encarar os olhos de quem me ler, medo de deletar a postagem e medo maior que dê tudo no mesmo.
   Medo dos meus pensamentos que saem em versos.De ficar surda, figurativa e literalmente. Medo de ser obrigada a experimentar outros mundos. Da segurança que prende a vida! Medo de pensar demais de mim.
   Dos julgamentos que eu deveria ignorar. Dos julgamentos que não ignoro.Medo de me enganar.

   Aquele medo que julgo ter nascido comigo e que também temo desampará-lo no mundo.



E para completude de minha fasciculação expressada, segue a canção. Fasciculações!!!




                                                       

5 comentários:

  1. Adorei Bárbara!!!
    Nossa, parabéns, de verdade!!!
    Vou acompanhar, sem dúvida...quer dizer, vai continuar, né?!
    Bjos e abraços!

    ResponderExcluir
  2. Muito Obrigada mesmo ,Maiara.
    Vou continuar assim,mais que uma atividade,já é uma necessidade pra mim!:)

    ResponderExcluir
  3. O que seria de nós sem os medos, Bárbara?? Acho que isso já é natural da gente. Muito bonito seu texto. Você escreve muito bem!!! :)

    Adorei a forma como se inspirou na canção da Mallu. "Por quê você faz assim comigo?" é uma das mais lindas do "Pitanga". Adoro!

    ResponderExcluir
  4. Bárbara, gostei muito! Muito mesmo! É tão bom perceber alguém com um trato tão belo e ávido com as palavras...coisa rara, não estou falando da gramática, mas sim do sentido, da semântica, da poesia sem sentido para alguns, com sentido para os grandes poetas...ainda bem que você resolveu compartilhar suas inquietações-fasciculas-fasciculares...Obrigada e parabéns!!!

    ResponderExcluir
  5. Kamila
    Escrever ao som de Pitanga é quase covardia.Muito obrigada!

    E Mileide... eu poderia dizer muitas muitaas coisas,mas... Muito Obridada de todo coração são muito importantes pra mim suas palavras

    ResponderExcluir